11/07/2007

CURSO DE FORMAÇÃO

Pesquisadora da UNICAMP trabalha Capital Social no 5º Módulo

 

A pesquisadora e professora convidada do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP, Ana Maria Girotti Sperandio1, ministrou o 5º módulo do Curso de Formação de Promotores em Municípios Saudáveis e Promoção da Saúde.

 

Durante a semana de 2 a 6 de julho, a professora desenvolveu com as equipes locais de Bonito (2), São Joaquim do Monte (3), Barra de Guabiraba (4), Sairé (5) e Camocim de São Félix (6) a construção do conceito de Capital Social.

 

Numa dinâmica de acolhimento que cativou a todos, a facilitadora literalmente se jogou na rede formada pelos braços entrelaçados dos participantes, que se empenharam na tarefa de não deixá-la cair. “Cada braço tem que confiar no outro. A confiança é mútua”, comentou uma participante. Ao envolver força, união, confiança, interação entre as pessoas, além de uma curiosidade inicial e risos, o momento surgiu como uma metáfora encantadora dos conceitos trabalhados no decorrer de cada dia.

 

Através da leitura, em sub-grupos, do texto Teorias do Capital Social e Desenvolvimento Local: lições a partir da experiência de Pintadas (Bahia, Brasil), de Carlos Milani, os participantes de cada município selecionaram as palavras (pontos) que mais se repetiam e elaboraram cartazes com a sua definição de Capital Social, que foram posteriormente “emendados” por Ana Maria Girotti. “A intenção é para que a gente, a partir do conhecimento próprio, dos cinco municípios, eles vão construindo a definição de capital social deles e junto com os conceitos de capital social já existentes, eles articulem e se empoderem desse conhecimento cada vez mais”, afirma.

 

Na discussão coletiva, foi levantada a questão do apoio e das lideranças e esclarecidas algumas dúvidas. Aqui, numa forma habilidosa, de tentar explicar melhor a diferença entre desejos individuais e desejos coletivos, a facilitadora pediu para que cada um falasse, ao microfone, um objetivo individual e, depois, que todos dissessem, ao mesmo tempo e em voz alta, uma palavra que expressasse um desejo coletivo. O barulho formado, mais do que impedir o entendimento do que era dito, foi um bom artifício para Ana Maria trabalhar a idéia de que “para ter um desejo coletivo, tem que ter diálogo; se não, fica uma confusão. Não existe capital social sem escuta”, como afirma ela.

 

Depois de tentar trabalhar o significado dos conceitos (capital e social) separadamente, a pesquisadora conduziu um levantamento rápido de pontos positivos e dificuldades de cada município. O exercício foi bom para mostrar como é difícil pontuar prioridades, bem como o valor da inter e da transetorialidade.A professora ainda destacou a importância de se conhecer as potencialidades, dados/ indicadores sócio-econômicos locais, para tentar identificar e trabalhar necessidades reais.

 

Com a expressão Tricotando o Capital Social para o desenvolvimento de um município saudável,a pesquisadora apresentou diferentes definições de capital, até se aprofundar no social, com um breve histórico e resgate de idéias de seus principais pensadores – James Coleman (recurso para o indivíduo), Robert Putnam (participação e engajamento), Bourdieu (estoque e base; recursos resultantes da participação em redes de relações), Gary Becker (interação social de efeito contínuo). A partir de sua experiência como coordenadora da Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis (mais informações em www.redemunicipiosps.com.br), Ana Maria Girotti discutiu o processo de Capital Social e a formação de Redes Sociais.

 

A facilitadora reconhece que ‘Capital Social’ é um assunto árduo, difícil de entender de imediato, mas destacou que é justamente o trabalho e a discussão em grupo que podem facilitar esse processo.”O objetivo desse quinto módulo, Formação de capital social é complementar os outros módulos no que diz respeito à participação, empoderamento. É aonde vamos discutir como as pessoas podem desencadear a participação social, o seus conhecimentos nos diferentes sentidos para ir tecendo o capital social”, explica a professora.

 

O curso faz parte do Projeto Municípios Saudáveis no Nordeste do Brasil, desenvolvido pelo Núcleo de Saúde Pública e Desenvolvimento Social (NUSP) da UFPE, em parceria com a Agência CONDEPE/FIDEM da Secretaria de Planejamento do Governo de Pernambuco e coma a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA).

 

 

 

¹ANA MARIA GIROTTI SPERANDIO é Coordenadora da Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis, com graduação em Ortóptica pela Escola Paulista de Medicina, especialização em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Mestra e Doutora em Saúde Pública – área de concentração Saúde Materno-infantil – pela Universidade de São Paulo. Atualmente é Pesquisadora e Professora Colaboradora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas e Pós-Doutoranda da FCM/DMPS-UNICAMP.

 

 

 

 

 

 

Reportagens retirado do site http://www.nusp.ufpe.br/noticias.htm

Fotos do Curso