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A Secretaria de Saúde realizou nesta terça-feira uma série de ações para marcar o Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio, com a participação de equipes das Unidades Básicas e dos programas de atendimento à comunidade. “Maringá tem o que comemorar porque hoje despontamos no combate ao tabagismo com atitudes pioneiras e resultados positivos”, afirma o secretário Antônio Carlos Nardi.
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O secretário lembra que a partir das leis municipais 7.192/2006 e 8.097/2008, a Diretoria de Vigilância em Saúde – Vigilância Sanitária (VISA), setor diretamente ligado à Secretaria de Saúde, passou a mobilizar os setores envolvidos no combate ao tabagismo. “Especialmente na fiscalização para os ambientes livres de tabaco”.
A fiscalização inclui também a Lei Federal 9294/1996, e a Lei Estadual 16.239/2009, ambas proibindo e disciplinando o uso do tabaco. Junto com o Sindicato dos Bares, Restaurantes e Lanchonetes, e o Sindicato dos Hotéis, a Vigilância em Saúde passou a conscientizar os clientes.
Entre agosto de 2007 até a última semana, a VISA executou 1.213 procedimentos relacionados ao uso de produtos fumígenos em recintos coletivos, com a lavratura de 637 Termos Intimação, 43 Autos de Infração, 20 Termos de Advertência e quatro multas aplicadas.
No período de 1999 até 2005, as ações de controle do tabagismo restringiam-se à implantação de grupos de tratamento do tabagismo em algumas Unidades de Saúde e no Centro Integrado de Saúde Mental – Cisam.
A partir de 2005, com a inserção do município na Rede de Municípios Potencialmente Saudáveis, inicia-se um trabalho intersetorial para pactuação das ações de promoção da saúde que seriam inseridas na agenda do gestor, criando assim a política municipal de promoção da saúde, o programa Maringá Saudável.
Depois de estabelecidos os eixos de atuação do Maringá Saudável, dentre eles o controle do tabagismo, o programa foi ampliado em seu escopo para espaços além dos serviços de saúde, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, reduzindo a exposição da população aos efeitos do tabaco em seus locais de trabalho e de lazer; propiciando acesso à informação e ampliando o acesso à cessação de fumar, estimulando assim mudança de comportamento.
Encontros
Atualmente, todas as Unidades Básicas de Saúde e o Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e drogas (CapsAd) possuem equipes capacitadas para acompanhar grupos de tratamento daqueles que querem deixar de fumar. O grupo forma-se com um mínimo de 10 e um máximo de 15 pessoas. No primeiro mês são realizados quatro encontros, um por semana, com duração de cerca de uma hora e 20 minutos cada.
No segundo mês, são realizadas dois encontros com intervalos de 15 dias e até completar um ano, mantém-se um encontro mensal. Os encontros possuem temas estabelecidos. Nos quatro primeiros encontros são distribuídas cartilhas elaboradas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para direcionar e padronizar o tratamento.
Os temas abordados referem-se à composição do tabaco, malefícios do tabagismo, estratégias para quem quer deixar a dependência, benefícios obtidos após a cessação de fumar, manutenção dos benefícios e prevenção da recaída. No tratamento são fornecidos insumos para auxiliar na abstinência (adesivos de nicotina, goma de mascar e medicamento específico).
Os participantes que conseguiram êxito no tratamento relataram melhora da capacidade física, do paladar e do olfato, redução dos gastos com saúde, aumento da auto-estima e da qualidade de vida dos familiares. Indiretamente os grupos de tratamento colaboram também para a construção da cidadania e aumento da solidariedade.
Esforço
Alguns grupos de Maringá conseguem resultados surpreendentes. No último grupo formado pela UBS da Vila Esperança oito dos 10 inscritos deixaram de fumar. “A pessoa recebe toda atenção e acompanhamento médico, e quando existe esforço e vontade o vício é superado”, diz o diretor da UBS, Flávio Augusto Silva.
A médica Tânia Hiromi, que cuida dos grupos da unidade da Vila Esperança vai além da recuperação de 80% do grupo, e continua trabalhando com os outros dois inscritos. “Além disso estamos sempre com inscrições abertas para novos grupos e todo nosso pessoal trabalhando para levar novos fumantes para o tratamento”, afirma Silva.
Uma das ex-fumantes da UBS da Vila Esperança, dona Maria Aparecida Oliveira da Silva, elogia o trabalho de toda a equipe. Ela começou fumar aos 22 anos e conseguiu parar através do grupo da UBS aos 73 anos. “Sempre tive vontade mas faltava o apoio que encontrei no grupo, e se eu consegui, todos podem conseguir”, afirmou.
O secretário Antônio Carlos Nardi observa que as leis municipais de combate ao tabagismo são anteriores à Lei Estadual e aplicada antes de muitas outras legislações de outros municípios e estados. “Colocamos a lei em prática com apoio da sociedade, e hoje Maringá é referência no respeito à legislação antitabagismo, especialmente em espaços públicos”, explica Nardi.
Avanços
O Dia Mundial sem Tabaco foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1987. A data – 31 de maio, veio consolidar os avanços alcançados durante a década de 80 na área de políticas públicas voltadas para a prevenção e o controle do tabagismo. Os objetivos principais desta data são sensibilizar a população quanto aos graves problemas de saúde causados pelo uso dos produtos derivados do tabaco e estimular a reflexão em torno das leis de regulamentação da produção, da propaganda e do consumo do tabaco.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, são atribuíveis ao consumo do tabaco 45% das doenças coronarianas, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica, 25% das mortes por doença cerebrovascular, 30% das mortes por câncer, sendo que 90% das mortes por câncer do pulmão ocorrem em fumantes.
Pesquisas revelam que, além dos riscos que oferece ao fumante, o tabagismo é causador de doenças em não-fumantes, inclusive o câncer de pulmão e infarto. O tabagismo passivo sujeita as pessoas às mesmas doenças e consequências sanitárias do tabagismo, sendo a terceira causa evitável de mortes no mundo (OMS).
São 200 mil trabalhadores mortos por ano em decorrência da exposição involuntária à fumaça do cigarro, ou seja, 14% de todas as mortes relacionadas ao trabalho causadas por doenças. Muitos destes trabalhadores são de restaurantes, setores de entretenimento e serviços, mas este problema pode existir em qualquer ocupação (OIT).
Importante ressaltar que não há nível de exposição sem risco ao tabagismo passivo, portanto a proteção a este risco ocupacional é a proibição do fumo nestes ambientes.

Reportagem enviada por:
Rosemary Chagas
Secretaria Municipal de Saúde
Programa Maringá Saudável